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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

As periferias clamam pela presença da PJ

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Por Larissa Oliveira* Baixe este texto aqui

“E eu quis morrer na batalha ao lutar pelo reino até o fim, mas fui convocado a cantar das vitórias e guerras que nunca vi”. Esse trecho é de uma música da banda cristã Os Arrais. Apesar de não ser uma banda católica ela reflete a vivência de muitos grupos de base. A base ainda clama por grandes feitos, por grandes missões, por grandes batalhas a serem travadas, por levar o evangelho às juventudes ainda não alcançadas. 

É comum ver os participantes da base desanimados porque a média de integrantes é de dez pessoas, e as vezes nem isso. Os participantes ainda buscam resolver questões existenciais: “Por que ir para o grupo de jovens?”, ou mesmo abatidos afirmam, “Estou desanimado para ir ao grupo. Não está indo quase ninguém”. E é então que voltamos ao início desse texto: a base foi convocada a cuidar de pequenos bairros, de jardins desconhecidos, de comunidades, de capelas, de cantar vitórias e guerras que nem mesmo ela nunca viu. 

A base foi convocada para ir nas periferias onde o evangelho não chega, mas a bala perdida chega. Entretanto, muitas vezes ela se preocupa apenas em ser reconhecida em âmbito diocesano, em alcançar outros estados, em querer dez novos participantes e esquece daqueles outros dez que estão afastados da comunidade. 

O grupo de jovens quer ser reconhecido por grandes feitos, mas não entendeu que foi chamado para abrir portões de comunidades; para se sentar em roda e cantar “Anunciação”; para simplesmente ouvir como foi a semana do colega ao lado; para estender tecidos e admirar aquelas cores. E mesmo que isso pareça pouco ou pareça que você merece mais, é isso que tem livrado muitos jovens do crime. 

Em 2016, quando participei do Encontro de Jovens com Cristo (EJC), um jovem que morava duas ruas depois da paróquia que frequento foi morto, e naquele momento foi feito um questionamento que até hoje me persegue: “Onde o grupo de base estava quando aquele jovem foi morto nas guerras de facções?”. O jovem que morre normalmente mora ao lado. Acredito que algum jovem também tenha morrido no seu bairro durante esses últimos meses, e lhe faço o mesmo questionamento: onde seu grupo estava?

Que a base enxergue na periferia a sua importância, que faça a opção pelos pobres e entenda que, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estou aí no meio deles” (Mt 18, 20).

*Larissa Oliveira dos Santos – acadêmica de história pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e membro do grupo de trabalho diocesano Teias da Comunicação; 
**Contato: larissa-1120santos@hotmail.com 
***Este artigo pertence a coluna “Falando em Pastoral...” do site www.pjdioceserb.net

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